segunda-feira, 8 de novembro de 2010

EIXO 6

Este eixo do curso foi realizado no primeiro semestre de 2009. O título do eixo foi “Prática pedagógica e currículo VI, Docência e processos educacionais inclusivos”, com as seguintes interdisciplinas: Seminário Integrador VI, Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II, Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, Filisofia da Educação e Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História.

Assistimos o filme “Entre os muros da escola”, que revelou muitos conflitos e situações cotidianas de uma escola situada na França, mas que muito se assemelham as situações que ocorrem nas nossas escolas brasileiras. As aprendizagens ocorridas no momento do estabelecimento das relações entre o que era vivenciado pelos alunos e o que o professor solicitara foram acontecendo à medida que os próprios alunos foram falando de suas vidas, suas dúvidas, certezas e até sentimentos, contemplando o que disse Piaget, no texto Desenvolvimento e Aprendizagem: “Em geral, a aprendizagem é provocada por situações - provocada por um experimentador psicológico; ou por um professor, com referência a algum ponto didático; ou por uma situação externa.”

O filme, de um modo geral, apresenta muitos conflitos do desenvolvimento humano, onde percebemos que é necessária a colaboração, mas esta sendo imposta torna a convivência difícil em várias situações. Os princípios morais de cada um têm grande influência no desenvolvimento da autonomia e convivência, pois há grande diversidade entre os alunos da turma. Percebe-se que a mediação do professor é de fundamental importância, e que esta não necessariamente deve amenizar os conflitos, mas pô-los em discussão de forma organizada para a própria resolução dos mesmos.

A interdisciplina que mais me marcou foi Filosofia da Educação, a partir da leitura do texto: AINDA É POSSÍVEL EDUCAR?

Após a leitura do texto de Theodor Adorno fiquei muito curiosa em relação ao que seria Auschwitz. Pesquisei sobre isso e percebi que se referia a uma cidade em que ocorreram barbaridades durante a Segunda Guerra Mundial. Li sobre o assunto na internet e fiquei mais curiosa ainda, pois há divergência sobre a veracidade dos fatos como foram contados.

A relação que podemos ver entre educação, civilização e barbárie é justamente a forma como a educação é entendida e executada. Se atualmente, depois de sabermos de tantos fatos da história da humanidade, de tantas coisas ruins e também de acontecimentos bons, continuarmos deixando as barbaridades acontecerem é porque a educação que queremos não está se efetivando. Acredito que se temos exemplos de experiências já ocorridas, temos também o dever de considerarmos tais fatos para nos espelharmos ou não neles. Se a educação que queremos não está sendo efetivada é porque nem todos a querem.

A educação pode ser para civilizar - ensinar regras, convivência, valores - ou pode ser para barbarizar - ensinar violência, poder pela força, individualismo. Não podemos deixar que aos poucos a barbárie tome conta da nossa sociedade. A violência que existe na sociedade atual, inclusive nas escolas é uma barbárie que parece muitas vezes estar sendo ignorada. Sabemos do problema e tentamos ficar o mais longe possível dele. Não é assim que iremos resolver - é necessário tomar consciência do que está acontecendo.

É necessário educar para a civilização, pois se a educação for direcionada para o individualismo os cidadãos formados poderão ser mais bárbaros do que civilizados, pois o que se ganha pela força não é mérito da civilização, e sim da barbárie. Não é fácil admitir que educamos para moldar as pessoas de acordo com os interesses de alguém, mas as escolas ensinam como se comportar em diferentes ambientes e acontecimentos – seria isso uma domesticação?

O certo é que a educação não está conseguindo alcançar muitos de seus objetivos porque as pessoas, em geral, querem ser livres para escolher o seu caminho, e a liberdade dá margem para escolhas que não foram planejadas para o bem comum da humanidade. É necessário entender que a liberdade pode ser compreendida por muitas pessoas de formas distintas, pois numa sociedade a liberdade tem seus limites, enquanto que fora dela tais limites podem não existir.

A educação para a civilização serve para controlar a humanidade. A falta de educação deixa as pessoas bárbaras, individualistas e egoístas.

A educação escolar está passando por dificuldades, a violência que existe na sociedade e dentro da escola é um resquício da nossa própria primitividade. Na escola tentamos fazer desaparecer esse primitivo de cada um por si que insiste em existir dentro de nós. Temos o objetivo de ensinar as crianças a escolherem os seus caminhos – mostramos que existem caminhos diferentes – elas podem escolher o caminho da luz ou o caminho da escuridão. O caminho da luz é o da felicidade e o caminho da escuridão é onde predomina a tristeza – estes caminhos são o resultado das nossas escolhas. Na luz as pessoas enxergam com clareza os fatos e no escuro são guiadas apenas pelo instinto, não conseguindo compreender todo o contexto.

Uma pessoa que é educada com violência não aprende a ser carinhosa. A educação ensina a pessoa a viver de determinada maneira. A barbárie faz parte de um tipo de educação. A civilização faz parte de um tipo de educação. Eduquemos para a civilização e não para a barbárie.

A relação deste eixo com o estágio e TCC está mais ligada às concepções que temos de educação, pois agimos de acordo com o que pensamos e achamos ser o certo. O que julgamos ser o certo depende da realidade e educação de cada um. Queremos educar para a liberdade ou para a obediência. Formar cidadãos conscientes e críticos ou que possam mais facilmente ser manipulados?

3 comentários:

Nadie Christina disse...

Oi querida,

está fascinante a tua reflexão a partir do texto de Adorno. Desta vez vou te deixar apenas uma pergunta: como tu contemplou na tua arquitetura pedagógica, durante o estágio, esta proposta de uma educação voltada para a formação de cidadãos conscientes que saibam lidar com a liberdade de forma responsável e não a confundam com ausência de limites?
Continuamos...ainda aguardo uma resposta ao meu comentário sobre a reflexão do eixo 2.
Um carinhoso abraço e votos de um ótimo final de semana!
Profa. Nádie

Tânea Mengue Schwanck disse...

Na elaboração do texto da arquitetura pedagógica não consegui identificar a resposta para a sua questão, mas posso respondê-la a partir da minha prática. Na Educação Infantil trabalhamos o desenvolvimento da autonomia das crianças, mas é importante que percebam, desde cedo, que temos limites para nossas ações, pois a nossa liberdade vai até onde começa a liberdade do outro. Penso que é fundamental que as crianças tenham liberdade para escolher determinados caminhos, mas também precisam aprender que nossas escolhas tem conseqüências. A liberdade nem sempre é entendida a partir desta perspectiva, visto que muitos pensam que ser livre é fazer o que bem entendem da sua vida, esquecendo que as próprias atitudes também afetam a vida de outras pessoas.

Nadie Christina disse...

Oi querida,

quer dizer que mesmo sem estar previsto na arquitetura proposta este foi um dos focos da tua prática?

Beijos,
Profa. Nádie